Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

sábado, 6 de outubro de 2012

Entrevista com o professor RAFAEL MEDEIROS.



PROFISSÃO PROFESSOR: HISTÓRIAS DOS PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA.




A entrevista dessa semana é com o professor Rafael Medeiros. Nessas curtas mensagens, o professor faz diversas análises do ensino de idiomas no nosso país, compartilha um pouco da sua história e nos fala das dificuldades em relação ao ensino da língua inglesa na região onde atuava.

1.                 Poderia fazer um breve resumo de sua vida acadêmica e profissional?


Eu sou professor de inglês há mais ou menos cinco anos. Comecei minha carreira como monitor e galguei posições ate chegar a professor. Lecionei inglês por cinco anos no Yazigi Natal. Nesse meio tempo me formei em Letras – Português, Inglês e Literatura pela Universidade Potiguar. Em 2010 abri um escritório de aulas particulares junto a um colega e amigo de trabalho e iniciei meu outro lado, e um dos que mais me influencia até hoje, que é o de professor de English for Specific Purposes (ESP). Este ano, 2012, deixei tudo de lado para fazer mestrado em Teaching English as a Foreign or Second Language (M.Ed in TESFL) na Simon Fraser University (SFU), em Vancouver, Canada.



2.          Quando e como decidiu ser professor e Por que escolheu lecionar inglês?


Na verdade, a escolha foi um tanto conturbada. Em 2006, depois de chegar de um intercambio em Vancouver, Canada, entrei na faculdade para cursar Sistemas de Informação. Porem, 1 ano e meio depois, percebi que aquilo não era pra mim, não tinha como eu continuar naquela universidade; naquele curso. Tranquei o curso e passei 2 semanas sem saber o que fazer da vida. Ai foi onde veio o dilema e a decisão. Eu sempre me perguntava o que eu sabia fazer de bom que me poderia render um emprego. E a conclusão foi que eu era um bom falante da língua inglesa. Portanto, deveria ingressar no curso de Letras. Ao mesmo tempo, como aluno no Yazigi Natal, fui chamado para ser monitor de aulas por ser um dos alunos com certo diferencial na sala de aula. Aceitei o emprego. Dai minha vida foi iniciada. Desse dia em diante, sei que escolhi a profissão certa e sei que estou nela porque amo o que faço.


BRAZ-TESOL 2012 NATAL.

3.          Quais os maiores desafios para alguém que deseja ser professor de inglês na região onde você mora?


Hoje em dia moro no Canada, mas falarei de Natal, pois estive mais tempo na cidade. Com certeza, o primeiro desafio e como a sociedade vê o professor. E essa visão não é nada boa. O professor, no Brasil, é um profissional altamente desvalorizado e diminuído, o que caracteriza uma péssima relação com outras profissões. Em Natal, porém, outra dificuldade é a falta de empregos de qualidade para professores de língua inglesa. O Natalense ainda entende nossa profissão como um hobby e não dá o valor necessário ao professor de inglês. Ainda se acredita na falácia de que um amigo que foi fazer intercambio pode traduzir qualquer coisa e que ele também pode dar umas aulinhas de inglês. Quanto mais informal você for, mais terá sucesso. PROFISSIONALISMO PARECE SER ALGO QUE NÃO CONDIZ COM A PROFISSÃO NOS OLHOS DA SOCIEDADE.


Especialização em Língua Inglesa. 


4.          Quais os planos para o futuro em relação à vida profissional?



Hoje, como já falei, estou cursando mestrado. Depois do mestrado, pretendo dar entrada no meu PhD, na mesma universidade que estou, ou em outra qualquer que me aceite. Meu objetivo e virar um palestrante internacional e um acadêmico de peso.



5.          Qual a importância de aprender uma língua estrangeira hoje em dia?



Como todas as teorias já dizem e redizem, INGLÊS É UMA LÍNGUA FRANCA E INTERNACIONAL. E esse status é o que mantem a importância da língua. Ser falante de inglês significa possuir um maior status socioeconômico. Significa ter mais acesso a informações que correm pelo mundo. Inglês transforma pessoas comuns em cidadãos do mundo, parte de um mundo que domina.



Mestrado (Canadá)
6.          Como é o Rafael Medeiros em sala de aula? É difícil ser professor ou você leva numa boa?



Ser professor pra mim é a melhor coisa do mundo. Não há profissão mais altruísta do que a do professor. Se relembrarmos que o aprendizado de uma língua é para a vida toda, para o professor é mais importante ainda. SOMOS UMA MÁQUINA INCESSANTE DE APRENDIZADO E DE ENSINO. E isso torna nosso trabalho gratificante e valioso. Aprendemos cada vez mais para ensinar e capacitar nossos alunos para libertá-los.



Eu costumo dizer que a sala de aula pra mim e uma piscina de eletricidade. Quando eu entro, mudo de 110 v para 220 v e me transformo. Passo de passivo para ativo. E espero que com isso, meus alunos se tornem pessoas mais ativas em seus mundos. Eu sempre prego que o exemplo e o melhor ensinamento, portanto, tenho que me adaptar a sala de aula e mostrar aos meus alunos como as coisas devem ser.




7.          Como você avalia o ensino de línguas estrangeiras no Brasil? É satisfatório?


Infelizmente, no Brasil o ensino regular em relação ao ensino de inglês é péssimo. Não adianta tentar mascarar o que acontece. PREPARAR UM CURRÍCULO ESCOLAR BASEADO NUM EXAME DE ADMISSÃO DE UNIVERSIDADES NÃO É NADA DO QUE SE ESPERA DE UM PROFESSOR DE LÍNGUA INGLESA. Enquanto o mundo inteiro se globaliza focando em coisa bem mais importantes, nós ainda focamos em testes e exames que sabemos que não medem nada, além de frustração e desapontamento. Como pode um país que tem ensino de língua inglesa desde a infância possuir tão poucos falantes? E sem dúvida, um tanto quanto contraditório! Estamos pregando algo que vai contra a maré, nadando para algo que nem faz sentido. O ensino escolar e tão insatisfatório que gera milhares de cursos particulares de inglês. Tantos deles que são encontrados em cada esquina. Eles são o melhor exemplo de como o nosso sistema não funciona e está errado.


TEFL/TESOL

8.          Conte alguma situação inusitada vivida em sala de aula.


Não tem coisa mais engraçada no mundo do que uma situação inusitada em uma sala de aula. E dessas, eu tenho muitas. Não vou usar nomes nem me referir a locais. Como nessa vida de professor trabalhamos com o mais variado tipo de gente, acabamos nos expondo a vários tipos de situações, das mais constrangedores às corriqueiras. Uma das mais constrangedoras que já passei foi quando eu dava aula individual a uma aluna que usava seu corpo como objeto de trabalho. Em uma das atividades que estávamos fazendo, surgiu a pergunta “What do you like to do when you are alone?”. Sem titubear, a aluna olha pra mim e diz “Ah, teacher, masturbation”. E claro, nesse momento não há nada o que fazer a não ser prosseguir para a próxima pergunta.



9.          Qual mensagem você deixaria para as pessoas que estudam ou ensinam a língua inglesa?


NUNCA ESQUEÇAM QUE O ENSINO OU APRENDIZADO DE UMA LÍNGUA E UM PROCESSO PARA A VIDA TODA. Ele nunca acaba. Quer você goste ou não. Ate mesmo na nossa língua mãe, estamos sempre aprendendo coisas novas, seja em uma velocidade mais rápida ou mais lenta. Não há como dominar uma língua em um curto espaço de tempo.






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