Poucas palavras:

Blog criado por Bruno Coriolano de Almeida Costa, professor de Língua Inglesa desde 2002. Esse espaço surgiu em 2007 com o objetivo de unir alguns estudiosos e professores desse idioma. Abordamos, de forma rápida e simples, vários aspectos da Língua Inglesa e suas culturas. Agradeço a sua visita.

"Se tivesse perguntado ao cliente o que ele queria, ele teria dito: 'Um cavalo mais rápido!"

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Entrevista com Eduardo Santos.




01. Conte-nos um pouco da sua vida acadêmica/profissional. Como avalia os cursos superiores de Letras no nosso país?


Comecei minha carreira profissional um ano antes de iniciar minha carreira acadêmica. Meu primeiro dia como professor de inglês foi em 2 de fevereiro de 2002 e minha carreira acadêmica começou 1 ano depois, em março de 2003 no curso de Letras da UFPE. Na verdade, uma coisa está ligada a outra. Decidi prestar vestibular para Letras após 6 meses de experiência como professor de inglês.


O curso superior de Letras no Brasil vem sofrendo mudanças por conta do mercado e da abrangência de possíveis graduações dentro do mesmo curso. O curso da UFPE, por exemplo, sofreu duas grandes mudanças no seu currículo nos últimos 10 anos. Diferente do período em que cursei Letras na UFPE, o aluno de licenciatura precisa hoje, não só concluir as práticas de ensino, como fazer pesquisa para defender sua monografia. O curso de Letras da UFPE, licenciatura em ensino de inglês/português, ainda prepara o aluno para o sistema público de educação. É um curso que não me preparou para a sala de aula e o mercado de trabalho, mas trouxe grande conhecimento teórico para minha formação profissional e acadêmica.



02. Quando decidiu se tornar professor de inglês?


Após a conclusão do ensino médio, em janeiro de 2002, uma amiga me chamou para fazer a seleção de professores do já extinto curso de inglês Wisdom. Pensando no ‘pocket money’ que iria ganhar e da experiência profissional também, fiz a seleção e comecei a dar aula. Não tinha pretensão alguma de ser professor, mas esses seis meses inicias me fizeram optar por prestar vestibular para Letras no fim de 2002 e, onze anos depois, aqui estou eu.


03. Como aprendeu inglês? Usou algum método específico? 


Eu tive a grande sorte de ter estudado dos 4 aos 18 anos na Escola Americana do Recife. Fui alfabetizado em duas línguas ao mesmo tempo e estudei numa escola baseada no currículo americano. Esse foi sem dúvida o mais valioso investimento da minha carreira.


04. Você tem preferência por alguma abordagem ou método no ensino do idioma?


Não. Acredito que a prática e o profundo conhecimento de diferentes metodologias e técnicas na área de ensino de inglês (ELT) são necessários para o professor então escolher o melhor para o seu aluno. Nos últimos anos, algumas palestras mencionaram ‘principled electicism’ como uma forma de desmistificar a superioridade de uma metodologia sobre outra, e sim de mostrar que cada metodologia tem seus pontos positivos e negativos e é papel do professor avaliar as melhores técnicas para seus alunos.     


05. Uns mais, outros menos, mas sempre encontramos dificuldades em nossas áreas de atuação. Quais os maiores desafios que um profissional de idiomas enfrenta na região onde você atual?


A falta de reconhecimento do professor dedicado que participa de conferências, webinars, lê e escreve em blogs, faz cursos de aperfeiçoamento da língua e de técnicas de ensino e não é valorizado dentro da sua própria escola. Apesar da baixa remuneração dos professores em geral, creio que a falta de reconhecimento ainda é o maior desafio nos dias de hoje.




06. Em sua opinião, existem mitos criados pelas pessoas em relação ao aprendizado de idiomas? Quais seriam?


Sim. Não acredito em um curso ou metodologia superior que vai, por si só, determinar o sucesso do aluno no aprendizado de um novo idioma. Acima da metodologia, filosofia da escola, material de boa qualidade e professor qualificado, está o aluno. E esse aluno pode atingir fluência em inglês independente de fatores externos, porém todos os fatores acima mencionados ajudam o aluno a atingir a fluência desejada.



07.  Já pensou em desistir da profissão? O que te motiva?


Não. O que mais me motiva são os desafios da profissão. Poder me especializar para ensinar crianças, adultos, turmas de preparatório para exames, business English, etc. Nos últimos 5 anos, tenho apresentado workshops em conferências locais e internacionais – falar em público foi um grande desafio. O networking que acontece nessas conferências e por mídias sociais me motiva bastante também. E finalmente, escrever para o meu blog ELT Bakery e poder compartilhar atividades, experiências e ideias com pessoas do mundo todo é um grande fator de motivação.



08. Perguntinha cliché, mas qual a importância de saber falar inglês hoje? Você acha que o Brasil está preparado para o ensino de outros idiomas na escola regular? 


Ficou comprovado em recente pesquisa da escola de inglês online Global English sobre o nível de proficiência em inglês em 76 países que o Brasil está muito longe da média mundial de 4,15 pontos; ficando em penúltima posição com 2,95 pontos. Isso retrata a estratégia de alguns cursos de inglês que prometem fluência em 12 meses.


Acho que ainda falta muito para o Brasil estar pronto para o ensino de outros idiomas em escola regular. Enquanto o ensino estiver voltado para o vestibular, com aulas em português e carga horária reduzida, alunos ainda terão que ir para um curso de idiomas após o horário escolar para obter fluência em inglês.


09. Já passou por alguma situação constrangedora em sala de aula? Qual? 


Sim, várias. A última que me lembro, foi de ter soltado um palavrão em português logo após ter percebido que tinha esquecido o arquivo em casa para a aula daquele dia. O grupo, de dez adolescentes, riu muito na hora. Pedi desculpas e continuei com a aula sem o arquivo.



10. Que mensagem deixaria para quem leu essa entrevista? 

Antes de qualquer coisa, muito obrigado Bruno pelo convite, espero ter contribuído de alguma forma com minhas respostas para o enriquecimento do seu blog.

A mensagem que gostaria de deixar é simples: busquem felicidade e paixão no trabalho. Tenho amigos com 10, 15 anos de carreira que não tem paixão pelo emprego e isso acaba sendo frustrante depois de um tempo. Tenho sorte de ter encontrado minha paixão no começo da minha vida profissional e desejo o mesmo para todos.

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